sábado, 20 de novembro de 2010

O Mal-estar na Civilização - (Sigmund Freud)

"Se o desenvolvimento da civilização é tão semelhante ao do indivíduo, e se usa os mesmos meios, não teríamos o direito de diagnosticar que muitas civilizações, ou épocas culturais - talvez até a humanidade inteira - se tornaram neuróticas sob a influência do seu esforço de civilização?"

Um comentário:

  1. Imagine um mundo "fechado" onde os campos das significações já estão de alguma maneira, dispostas nos mitos, na religião, na tradição, naquilo que são as grandes agencias nomicas nas quais a gente vai encontrar o sentido e a razão de ser do nosso sofrimento. Pense como seria você nascer no século 12 da Europa ocidental, um ambiente que é carregado pela experiência do sagrado, onde Deus ou Diabo, o pecado ou a virtude, a perdição ou a salvação fazem parte à (quase) todo momento do dia a dia e que sua vida é orientado por esses preceitos. Pense em como a sua opinião valeria muito menos do que a marca do seu nascimento, pois se você é servo continuara sendo servo ainda que enriqueça, se você é nobre continuara sendo nobre porque seu sangue é azul ainda que seja falido, se você é escravo continuara sendo escravo mesmo que ganhe dinheiro, ou seja, onde a marca do seu nascimento é que determina sua identidade...

    Agora, imagine um mundo "aberto" (o mundo moderno), um mundo no qual ainda existe a possibilidade de você se filiar a uma (ou duas, ou três) grande concepção do que é o mundo, do que é a vida, do que é o sujeito, mas que, sobretudo, é o indivíduo que a medida de todas as coisas, um mundo na qual ninguém mais se vê submetido de maneira inexorável aos ditames da religião, onde se eu sou judeu posso ser também budista, ou se eu sou católico, posso perfeitamente discordar do papa - cuja palavra é infalível pelo dogma-, em relação a vários pontos como, por exemplo, a questões de padres casarem, questões de aborto, questões de células troncas, etc., onde agora, não interessa se você nasce numa casa de operário ou numa família nobre, o que importar agora é o que você faz da sua existência sendo o sujeito que constrói a si mesmo...

    O que dizer desse homem que é "livre" (até certo ponto) e que não é formatado desde o principio? O que pensar da idéia de que a verdade de cada um é no seu interior – ou fora dele? Será que conseguimos viver assim?

    Hoje praticamente tudo virou matéria de escolha, sejam elas boas ou não. É o individualismo levado a um ponto extremo, e que sem duvida não deixa de trazer conseqüências às quais gostaria de expor em alguns pontos...

    (Por TL)

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