sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"Soneto da Separação" - (Vinicius de Moraes)



De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se os espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o ressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se o triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida um aventura errante
De repente, não mais que de repente.

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